O Mensalão II


          Eis que após uma longa e brilhante acusação descortina-se a frente o início de um julgamento sem, contudo entraves enormes à frente.
         A descrição minuciosa do esquema é de enojar qualquer um. O montante desviado era de tal monta que "O emprego dos carros-fortes era recorrente tal volume dos valores que estavam envolvidos neste esquema criminoso".
         E o foco principal, o ex-ministro José Dirceu, “Foi o mentor do grupo... Nada, absolutamente nada, acontecia sem a prévia aprovação de Dirceu”.
         Deve-se dizer que muito se criticou na imprensa a ausência de imputação a José Dirceu pelo crime de lavagem de dinheiro. Devo admitir que a primeira vista me causou estranheza entretanto, após as palavras de Roberto Gurgel tudo ficou mais claro: Dirceu como “autor intelectual” não deixou quaisquer vestígios e a prova contra o mesmo é substancialmente testemunhal: “como todo "chefe de quadrilha", o ex-ministro não deixou rastros”
                  Não há dúvidas de que a prova testemunhal é bastante robusta, entretanto, vislumbro que a acusação ficaria bastante deficiente em imputar-lhe um crime complexo como o de lavagem de dinheiro sem prova documental. Seria sem dúvida uma tentativa que poderia comprometer o restante da acusação e a opção do Procurador Geral da República veio muito bem a calhar.
         Todavia, não vejo com bons olhos sua postura no que tange ao fato de não levantar a suspeição do ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli.
         Havia grande expectativa de que Toffoli se declarasse impedido de julgar o caso, na verdade o de acordo com o CPP suspeito, já que ele trabalhou no PT e foi assessor da Casa Civil da Presidência da República quando José Dirceu, um dos réus do processo, era ministro.
         José Antonio Dias Toffoli, que tem em seu currículo apenas a graduação em Direito, enquanto sete dos dez atuais ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) já chegaram à Corte com doutorado.
         No Wikipédia, sua carreira política está assim desenhada: “De 1995 até 2000 foi assessor parlamentar da Liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados. Foi advogado do PT nas campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1998, 2002 e 2006. Exerceu o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2005 durante a gestão de José Dirceu”.
         Em 12 de março de 2007, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — de quem Toffoli foi advogado de campanha, assumiu a Advocacia-Geral da União e finalmente foi indicado pelo Presidente Lula para assumir a vaga decorrente do falecimento do ministro Carlos Alberto Menezes Direito no Supremo Tribunal Federal (STF).
         Não pretendo aqui demosntrar numa conjuntura meramente de expectador que o Exmo Min. Encontra-se suspeito para tal julgamento, mas, me lembra muito outro caso em que de grande repercussão na mídia, um velho conhecido nosso: Fernando Collor de Mello.

Comentários

  1. Concordo nobre amigo, mas lebro que, se Toffoli se declara impedido, ele poderia estar auto-declarando o seu envolvimento com os envolvidos no mensalão por ele ja ter sido advogado do PT. Esse cara era pra nunca ser ministro do stf!

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