Outra ótica sobre a Lei da Ficha Limpa


Ando bastante incomodado com as conjecturas e propagandas lançadas diariamente sobre a população no tocante à mais nova e grande conquista eleitoral do país: a aprovação da lei que proíbe candidatos que tenham o nome “sujo”, ou seja, àqueles que já tenham sido condenados por colegiado ou cujas contas já tenham sido rejeitadas, dentre outras situações específicas trazidas pela lei complementar nº 135.
A Lei foi aprovada diante de uma grande mobilização de milhões de brasileiros e, ao que se divulga, “tornou-se um marco fundamental para a democracia e a luta contra a corrupção e a impunidade no país”.
Em que pese reconhecer os avanços trazidos pela mesma não comungo da mesma opinião que a maioria dos brasileiros tem dela, ao revés, vejo a lei da Ficha Limpa como um verdadeiro reconhecimento legislativo e popular da ineficiência de nossa democracia e notadamente de seu sistema eleitoral.
Sinto-me indignado com as propagandas do TSE, o filme ressalta que o voto é uma conquista da sociedade, assim como a Lei da Ficha Limpa, que está sendo utilizada pela primeira vez agora e termina assim: “Valorize seu voto. Vote pela sua cidade. Vote limpo”
Você deve estar se perguntando, como é que um estudante de direito pode pensar desse jeito, acreditar que a lei é um retrocesso? Na verdade não digo que seja um retrocesso mas, afirmo que se trata de mais uma medida que vêm resolver os efeitos do problema sem atacar sua causa.
Pensemos um pouco: nossa sociedade chega ao ponto de precisar que uma lei complementar impeça a população de colocar mais criminosos à frente de nossas instituições!
Sinceramente, eu terei orgulho quando um político corrupto seja execrado pelos seus eleitores naturalmente e não enquanto precisarmos recorrer aos tribunais para que os mesmo digam que a sociedade está escolhendo mal!
A raiz do problema não é, e nunca será o político corrupto que se elege, mas sim o cidadão, o eleitor que vota nele! Seja quando vota por um saco de cimento, por um emprego na prefeitura ou pela estratégia de marketing milionária levado à cabo por uma dessas tantas empresas de publicidade, que tão logo elejam seus candidatos farão maravilhas com a triste realidade da população.
É mais uma forma de atacar a ponta do iceberg e passar para o povo a imagem de que tudo está bem. Não está. A nossa democracia precisa amadurecer não pela via coercitiva como vem sendo feito, mas de dentro pra fora.
É preciso que as pessoas se deem conta da força que têm, e vejam como podem mudar o país ao invés de esperar passivamente a mudança e se contentar com os pequenos avanços que são vistos como grandes conquistas.
A maior conquista da qual um povo deve se orgulhar é a educação. Um povo instruído certamente não precisaria de uma Lei da Ficha Limpa. Um povo instruído é o verdadeiro motor de uma evolução político-social. Esse é o grande passo, o resto é paliativo.

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