07 de setembro, Independência ou Hipocrisia?

Independência ou Morte! Foi o brado retumbante ouvido as margens do rio Ipiranga em 07 de setembro de 1822. E repetido desde então na mesma data como símbolo da ruptura do Brasil com Portugal e início da Nação Brasileira como um país independente.
A história que aprendemos na escola não corresponde literalmente aos fatos. O Brasil não se tornou independente com um grito. E como não houve guerra sabe-se que a dita independência foi aprovada por uma transação financeira, além disso, D. Pedro I não o fez porque amava o país, mas sim por estar sendo pressionado pelas oligarquias da época e também pela população.
Ora todas essas preliminares para demonstrar que a visão que temos nem sempre corresponde à realidade dos fatos. Por mais que imaginemos que até mesmo presenciamos algo descobrimos que de outro ponto de vista a impressão provavelmente será outra.
Pois bem vejamos os desfiles de 07 de setembro, uma atitude cívica, uma demonstração de respeito e amor a pátria. E todo o ano é a mesma coisa, no início é políticos no palanque, povo nas ruas. Daí os militares desfilando, povo aplaudindo, político conversando. Finalmente político discursando e o povo conversando.
Sejamos francos e sem nenhum resquício de demagogia. As forças militares ainda se apresentam como uma respeitada instituição, digo, ainda não corrompida. Verdade mas para que? Ou melhor, para quem?
Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que não estou pregando que acabem com as forças armadas ou qualquer coisa do gênero não! Todavia, não suporto mais viver num país de hipócritas. Sejamos então realistas.
No nível de avanço tecnológico que o mundo se encontra, no qual em um apertar de botões os EUA conseguem destruir metade do planeta qual o orgulho em desfilar meia dúzia de soldadinhos de chumbo?
Num mundo no qual satélites conseguem capturar imagens em qualquer parte da superfície terrestre em tempo real o que significa nossa idolatrada esquadrilha da fumaça se apresentando sobre o olhar atônito dos espectadores
Numa civilização na qual algumas gramas de um pequeno pó branco chamado Antrax podem dizimar populações quem são nossos navios de guerra fabricados na década de 70?
Mas vocês me diriam: se pensarmos assim nenhum país vai gastar dinheiro com exército, marinha e aeronáutica. Não, de modo algum! As Forças Armadas estão ai para garantir a soberania do nosso território. Quando chamadas cumprem sua função com excelência e foram, são e sempre serão indispensáveis.
O que me irrita mesmo é ver os políticos aplaudindo este desfile que mostra o poderio das forças armadas enquanto as delegacias do interior não têm nem mesmo algemas. O policial é mal-remunerado trabalha sem segurança e o bandido tem armamento superior ao seu.
Mas hoje é 7 de setembro vamos saudar os veteranos, ver os soldadinhos marchando, os grupos especiais se apresentando e por aí vai. Esqueça a cocaína que adentra o país pela floresta amazônica, esqueça os escândalos que se multiplicam a torto e a direito.
Esqueçam os idosos abandonados em asilos e os veteranos da guerra diária que, depois de uma vida de trabalho, ganham uma esmola de aposentadoria que mal paga os remédios. Isso sem falar nos hospitais que esses são obrigados a enfrentar antes da hora derradeira.
E cantemos todos, juntos, a uma só voz: Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil. E pensemos que está mãe que é o nosso país talvez seja mais gentil para alguns poucos filhos e o restante da família seja formado somente por ovelhas negras.

Valença, 07 de setembro de 2010.

Madson Thomaz Prazeres Sousa

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